O videogame do contribuinte

Notícia da BBC Brasil:

França lança game que planeja Orçamento
O ministro do Orçamento da França, Jean-François Cope, anunciou o lançamento de um jogo online em que os contribuintes podem planejar as contas do país.

Posso ter interpretado de forma otimista demais, mas achei a idéia foda de boa se:

* O jogo conseguir ensinar ao contribuinte francês que um menor recolhimento de impostos no país poderia acarretar uma pior distribuição de recursos. Algo como uma simualção de degardação dos setores de saúde e/ou educação caso o jogador destinasse menos dinheiro a tais áreas
* As simulações criadas pelos jogadores pudessem ser usadas como sugestões numa espécie de criação democrática do orçamento do país

Acabou de chegar aqui na redação: O enviado especial do 2Kilos à França, Melindoroso Peyroux, descobriu de antemão que já está em desenvolvimento uma expansão para o jogo, com o título já definido de "Cyberbudget Brasil", onde além de alocar pequenas partes do orçamento para saúde, obras sociais e afins você pode destinar parte dos impostos para opções como "Propinas a colegas parlamentares para aprovação de leis e emendas que favoreçam industriais lobistas e estrangeiros" ou o clássico "Desvio de verba para sustentar campanhas eleitorais".

Muito mais emocionante! Para dar maior sensação de imersão os desenvolvedores pararam de implementar o módulo de Resolução de CPIs no "Cyberbudget Brasil"

Um elogio à androginia

Uma das regras da criação de personagens em tramas épicas é que não só o mocinho deve parecer sexualmente potente quanto o vilão também o deve ser. Ajudar a construir o carisma e conquistar o público, as mulheres os desejam e os homens os invejam, ou vice-versa (dependendo das diversas combinações de público/personagem)

Essa potência sexual manifesta-se de formas distintas entre o herói e o vilão. O mocinho está preso às concepções puritanas de sex appeal, geralmente manifestada em agressividade, especialmente quando o mocinho é macho, entre outros clichês. Já a força sexual do bandido não precisa explodir num caminho reto como o supracitado mas pode tomar formas mais distorcidas e obtusas, por isso temos um número maior de antagonistas andróginos e sadomasoquistas, eles seguem um caminho próprio o que em geral os tornam personagens mais esféricos e interessantes.

Por essa razão eu tenho associado androginia à inteligência, tentar entender como dois gêneros diferentes vêem a vida é bem mais complexo do que seguir os já martelados padrões de que menino usa azul e menina usa rosa. É como se a mente buscasse outras visões para poder se expandir.

Domenico de Masi é meio doido (apesar de querer e tentar trabalhar tão pouco quanto ele prega) mas concordo com ele quando diz que a sociedade futura tende cada vez mais à androginia contrapondo a manutenção masculina ocorrida na era industrial.

Notemos agora caros leitores a diferença entre uma sociedade andrógina e uma sociedade bicha-boiola como a greco-romana. Aos mais homofóbicosn eis um exemplo de diferença crucial: O Curinga é andrógino, os cowboys de Brokeback Mountain são bichas. Eles vão aos rodeios apenas para amaciar a bunda.

2Kilos versão 2006

Vocês sabem, eu sei, este é o ano chinês do cabrito montanhês, o que garante ao vosso editor favorito o dom de ficar completamente incomunicável por diversos meses. Mas vocês sentem falta, portanto volto aqui a publicar informações e filosofias que adornam as vossas vidas de modo consideravelmente.

No episódio de hoje o 2Kilos veste-se artisticamente para um sarau de poesia:

"As Préda

As préda estão dormindo
levante uma préda, ela fica mais alta
levante uma préda, ela ganha energia potencial
Mas elas estão dormindo, sob a chuva, enquanto rolam
dormem uma sobre a outra, uma ao lado da outra
eu queria dormir como as préda"